Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. (Mateus 22:37)
A universidade é cercada de mitos. Existe um encantamento que cria imagens sobre o universitário e a universidade que muitas vezes não correspondem à realidade. Tais imagens dizem respeito não só a realidade física da universidade, mas também ao mundo das idéias. Certamente, antes mesmo de entrar na universidade você já tem em sua mente uma perspectiva sobre o que é e como as coisas funcionam na universidade, assim como de seus futuros colegas de sala.
Como você imagina a universidade? E os universitários? Como você imagina um cientista?
Quando enfim você se defrontar com a realidade, a imagem que antes ocupava sua mente será, na medida do tempo, transformada, a começar pelos aspectos físicos, chegando ao nível das idéias.
É certo que muito do que pensamos antes de entrarmos no mundo acadêmico não é verdadeiro e deve ser trocado. Por outro lado, é preciso tomar cuidado com o que será tomado como verdade por nós.
Principalmente no campo das idéias, é preciso acabar com o encantamento presente nas faculdades. Muitos mitos criados ao longo dos séculos sobrevivem nas universidades e os cristãos não podem ser levados por eles. Pelo contrário, os cristãos precisam se capacitar intelectualmente e mostrar de forma poderosa a falibilidade de tais projetos.
Por um descuido dos cristãos, hoje a mente secular domina todo o ambiente acadêmico e cada vez mais amplia sua influência na produção científica e na mente dos estudantes. Nesse contexto, talvez sem perceber, mesmo alguns cientistas teístas afirmam em sua prática a cosmovisão naturalista. Hoje, não compactuar com a cosmologia mítica científica e acreditar na existência de um Ser Supremo que criou e dirige o Universo soa um absurdo dentro de uma universidade. A doutrinação moderna para uma ciência comprometida com a filosofia naturalista é assustadora.
E talvez um dos métodos mais utilizados para tal empreitada é o do mito do conflito entre ciência e religião. Por todo canto ouvimos os rumores da incompatibilidade do estudo científico sério com a religião. Na melhor das hipóteses, é aconselhado que o teísta deixe suas crenças em casa quando for ao laboratório, afinal, como afirma o neoateu Richard Dawkins, a religião se baseia em uma “fé cega”, enquanto a ciência é puramente baseada na razão e, por isso, ateísta. Desta forma, a religião cristã é considerada por muitos cientistas e estudantes como ultrapassada e antiquada. Estes e tantos outros mitos que fazem com que muitos cristãos não consigam conciliar a vida cristã com a ciência praticada por ele ou até mesmo os fazem desacreditar do cristianismo.
Os cristãos precisam investigar as afirmações da academia e verificar a razoabilidade delas. A maioria dos ataques ao cristianismo são ignorantes e não passaram por uma séria avaliação crítica. Queiram os cientistas ou não, as mais recentes descobertas científicas apontam mais para a existência de um Criador do que o contrário. O mito que diz que a ciência aponta para a não-existência de Deus não se sustenta diante de uma análise séria das evidências. Concordo com Pasteur: “Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”.
É necessário que os cristãos entendam a necessidade de um engajamento intelectual. É preciso que produzamos uma geografia, uma sociologia, uma filosofia e uma política que sejam cristãs. De outra forma, começando pela universidade e passando pela cultura, o cristianismo vai perder espaço na sociedade. É possível pensar de forma cristã. Não precisamos nos adequar a uma cosmovisão não-cristã para sustentarmos nosso pensamento. Este é mais um mito falso.
Charles Malik afirma que o anti-intelectualismo é uma das grandes ameaças ao cristianismo. Ele considera a universidade como a instituição mais importante na construção da sociedade ocidental, pois é dela que saem os formadores de opinião e líderes que moldam nossa cultura. O grande teólogo Machen afirma que se a igreja perder a batalha intelectual em uma geração, a evangelização se tornará infinitamente mais difícil na geração seguinte.
Nós, cristãos universitários, precisamos resgatar a forma de pensar cristã nas universidades. O super-intelectualismo é terrível, porém o anti-intelectualismo também é. Precisamos aprender a pensar de forma nosso pensamento nos leve a amarmos a Deus e ao nosso próximo, e não sirva como um caminho para o orgulho. Como afirma John Piper: “Não é ter superioridade intelectual. É usar os meios que Deus nos deu para que o conheçamos, o amemos, e sirvamos às pessoas. Pensar é um dos meios.”.
Que possamos desencantar a universidade de seus mitos, para então, logo desencantarmos o mundo para que todos possam contemplar a beleza da verdade do evangelho de Jesus Cristo!